“Então é Natal… E o que você fez?”
Trilha Sonora: Um Feliz Natal – Ivan Lins
Fala a verdade. Por mais que todo mundo saiba que o ano está no fim, você só tem plena consciência disso quando a Super Casas Bahia é inaugurada, quando o Zezé Di Camargo e o Luciano – filhos de Francisco – se juntam àquela multidão de crianças felizes da Marabrás e começam a cantar: “Bom Natal, um Feliz Natal, muito amor e paz pra você!”. Aí você enfeita sua árvore de Natal e percebe que uma mini lâmpada daquele conjunto de luzinhas que piscam está queimada. Mas não tem problema nenhum, ninguém vai perceber mesmo.
A Simone bomba nas paradas com a sua “Então é Natal”. Já observaram que a mulher só tem ESSA música de “sucesso”? E que ela só aparece nessa época tão mágica do ano? As pessoas gastam horrores com os presentes de amigos secretos e o que me impressiona mesmo é que todo mundo se ama quando é Natal. Você passa o tempo todo reclamando, brigando com a pessoa e não se importa nem um pouco de comprar um presente bonito e ser totalmente falsa na hora que fala: “Meu amigo secreto é uma pessoa que eu gosto muito. A gente sempre briga, mas na verdade se ama”.
Gente, isso se chama Utopia³! Como que o mundo pode virar as costas pra todos os problemas que o planeta enfrenta pra se empanturrar de comida, de estourar a champagne mais cara à meia-noite e trocar presentes ao invés de separar uma parcela de dinheiro e doar para crianças que nem família tem, que nem podem ganhar um brinquedo sequer? De verdade. O Natal é uma data que nós todos deveríamos passar ao lado das pessoas que mais amamos e demonstrar o nosso carinho sem esbanjar poder ou riqueza. E não, eu não me excluo disso tudo. Também compro presentes, pedi pra minha avó fazer bolo de sorvete pra ceia mesmo com muitas outras sobremesas e também tenho luzinhas queimadas na minha árvore de Natal.
Mas enquanto o especial do Roberto Carlos na Globo continuar e a Avenida Paulista LOTAR de gente de todos os cantos do país que querem visitar as fachadas dos bancos, a coisa vai continuar… e piorar! Mas deixa pra lá, é Natal.
Agora de verdade, o Cubicularis deseja uma boa fatia de peru natalino para todos e apesar da brincadeira, pede para que não levem a piada para o mau sentido. Se bem que aqueles que quiserem levar a sério podem ir em frente. Sabem por quê? Porque “Então é Natal”.
O G não é mais o mesmo.
Trilha sonora: Com que roupa – Noel Rosa
E o M e o P também não. Hoje em dia é possível observar uma crise de personalidade nos tamanhos de roupas. O G decidiu que quer ser M, o M decidiu que quer ser P e o P resolveu que quer migrar para a alta costura infantil.Hoje em dia se você for a qualquer loja para experimentar calças, tome cuidado. Seu amor próprio pode ser abalado para sempre!
Você sempre acreditou usar 40? Chega lá e a 40 não passa pelos seus joelhos. “Ih, engordei, tá, me dá a 42” – a 42 não passa pelas suas coxas. “Hum, deixa eu ver a 44 então…” – Serviu!! Mas a 44 só entrou porque você se abaixou, puxou aqui, repuxou ali, rebolou, retorceu e não respirou até agora. E a vendedora, com a maior cara de saída da capa da Vogue, fala “ai, ficou linda, querida! Caiu suuuper bem”. Você franze a sobrancelha, analisa o resultado… e ela continua. “Uma ou duas usadas e o tecido cede, tenho uma igual!”. Você ainda ousa pedir um derrotado “tem numeração maior?”, para receber de volta aquela cara de assombro: “Maior? A gente não está trabalhando com numeração acima de 44, querida. Mas semana que vem vamos estar recebendo uma confecção que é maior, minha flor”. Além de tudo isto, se você é baixinha, sobra meio metro de barra, se você é altona, tudo parece calça capri. E você, com aquele lindo e falso sorriso amarelo, responde “ahn vou pensar, tá?”
Você sempre quis uma blusinha daquelas que estão em todas as vitrines do país? A que fica boa no ombro fica curta na barriga. A que cobre a barriga fica larga no decote. A que ajusta certinho no decote espreme os seus ombros. A que te serve sem sobras nem faltas… fica feia.
E a moda então? “A tendência do verão serão as micro e mini saias, as blusas de alcinha e calças com cintura super alta”. Quem tem perna grossa, braço com músculos-do-tchau ou corpo de violão faz o quê? Sair sem roupa é que não pode – não insistam meninos, isso é considerado atentado ao pudor. As moças magrelas, coitadas, também não saem felizes nessa história. Viram verdadeiros cabides humanos. Quem tem curvas vira um barril, quem só tem ossos vira um esqueleto de laboratório, tudo o que está longe de ser a preferência do sexo oposto heterossexual.
Resultado, você sai de mãos vazias das lojas e aqueles 2% de população com jeito de Hollywood te olha com aquela cara de “nossa, que blusa mais cinco-anos-atrás”. É, minha gente. O G não é mais o mesmo. Nem a sua auto estima.
A grama do vizinho.
Trilha Sonora: Garotos Podres – Insatisfação
“É que a grama do vizinho parece sempre mais verde”. Foi a resposta que ouvi de uma amiga ao indagar o motivo por que nunca me satisfaço com o que tenho.
E, bem, não é exclusividade minha. Nem das mulheres, devo acrescentar. A característica é fundamental e concernente a todo ser humano. E não tente negar. Se tem cabelo encaracolado, quer alisar. Se tem cabelo liso, reclama que não dá para fazer penteado nenhum. Quem é gordo quer emagrecer, quem é magro quer engordar. Altos demais gostariam de ser mais baixos, e os baixinhos reclamam não fazer sucesso com as garotas.
Quem namora quer casar, quando casa reclama da rotina, quando se separa se queixa de solidão. A gente passa a adolescência toda querendo ter dezoito anos, e quando faz quer voltar a ser criança.
Quem é que nunca parou para olhar o cabelo perfeito da moça do lado, o olho lindo do cara no metrô (mas ah, ele usa aliança, que pena…), o sapato novo da colega de classe, a voz do fulano que é boa pra falar em rádio, a letra da beltrana que é a mais linda que você já viu? É a tal da grama verdinha, verdinha. Aí você olha pro seu quintal e vê aquelas folhas ressecadas, o mato não muito bem aparado. Pode até dar uma certa invejinha, mas é saudável.
E eis que eu reclamo: “Mas se a grama do vizinho é sempre mais verde, então ninguém nunca vai poder dizer que é 100% feliz”. E a minha amiga, a mesma lá do começo, retruca: “Pelo menos sempre teremos algo por que lutar”.
Bom, faz sentido.
E, pensando bem, deve ser sem graça³ ser plenamente feliz. Já pensou? Monótono.
“Sejam sensatos”
Trilha sonora: Cósmico – Fofão
Quem não tem um e-mail para receber lixo? Aquele que você usa pra se cadastrar no site de compras, que você dá como contato em lojas, que você usa pra mandar coisas que você quer guardar pra você mesmo. O meu se encaixa em todas estas classificações. Enfim, não é esse o assunto do post. O “a se comentar” aqui são os spams. Quem nunca recebeu um “guia do orgasmo feminino”, um “biblioteca jurídica online” ou um “rolex a U$50,00”, que atire a primeira pedra! Receber estes spams praticamente todo dia não é novidade. Estava eu abrindo o meu e-mail adolescente para lixo para fazer a limpeza costumeira.
“Do you want to enlarge your penis?” não, obrigada. ”Hate study?” humm nem tanto. “Blog do senador Álvaro Dias”? nem estou interessada. Delete, delete, delete. “Apelo aos Irmãos da Nave Terra”. Del…ãhn? Eu li isso mesmo? What the hell, vamos descobrir! Cliquei pra ver o que era. Segue trechos:
Irmãos Terrestres, é com muita humildade e espírito fraterno que nos dirigimos a vocês, para lhes pedir que ajudem-nos a ajudar vocês. A situação atual do Planeta é muito mais grave do que imaginam e dependendo do que acontecer com ele, haverá reflexos também nas órbitas dos nossos Planetas, com conseqüências imprevisíveis. É preciso que saibam e aceitem a VERDADE sobre nós – os Seres Espaciais – que sempre lhes foi encoberta, e o motivo de estarmos aqui; têm que conhecer a nossa base de pouso oculta na Cordilheira dos Andes (a Cidade dos Sete Planetas) e por que nós ainda não nos apresentamos abertamente a vocês.
Nós não somos os monstros grotescos e agressivos que grande parte da mídia lhes apresenta. (…) Desculpem a nossa franqueza, Irmãos Terrestres, mas muitos de vocês acreditam que, se realmente nós existimos, somos seres primitivos e monstruosos, interessados em conquistar a Terra.(…) Não, Irmãos, não há razão para nos temerem (…). Deixamos as nossas famílias e parte das nossas vidas em nossos Planetas e para cá viemos em missão de Paz e de ajuda aos Irmãos Terrestres. Sejam sensatos, Irmãos Terrestres: – Que outra alternativa vocês têm para promover uma rápida revolução de consciência de bilhões de pessoas e trabalhar no sentido de estabelecer a Paz, a Harmonia, a Concórdia e a verdadeira Fraternidade entre todos, a não ser o nosso Plano de Ação Mental que penetra e vibra nos cérebros de toda a Humanidade, em escala planetária, com a maior força que todo Ser Humano possui – a FORÇA DA SUA MENTE? Nós não estamos brincando, o FUTURO da Terra está nas nossas mãos… despertem enquanto é tempo!!!
E por aí vai por mais uma página e meia. Particularmente, eu achei muito bizarro. Mas quem pode dizer “já recebi um e-mail extraterrestre”? Eu posso. Tirem suas próprias conclusões. Ah sim: quem quiser conhecer mais sobre os Seres Espaciais, não precisa ir até à Cordilheira. No e-mail eles indicam uma outra sede em… Piracicaba. Místico, heim?
Girls night out!
Trilha sonora: Girls just wanna have fun – Cindy Lauper
Ahh sair pra balada com as amigas!! Local escolhido: aquele que reformou inteiro e reabriu dias atrás. Uma hora antes tem todo um ritual. Esta saia ou esta calça? Blusa preta ou vermelha? Decote canoa ou gola alta? Tá frio lá fora? Vai estar quente lá dentro? Com manga ¾ ou cavada? Sandália ou sapato? Com salto ou sem salto? Colar comprido ou gargantilha? Brinco de flor ou brinco com penduricalhos? O perfume do dia a dia ou o perfume sofisticado? A sombra preta ou a prata? Batom ou gloss? Cabelo liso ou cabelo cacheado? Cabelo solto ou cabelo preso? Com bolsa ou sem bolsa?
E então, pronto! De vestido azul, mangas normais com leve babado, decote em V, bota – aquela de salto médio fabulosa pra balada comprada em 3 vezes sem juros –, sem colar, com pulseiras, brinco de argola, perfume emprestado da amiga, sombra azul metalizada, brilho labial da outra amiga, cabelo natural com metade presa em cima, sem bolsa. O estritamente necessário – o brilho, a chave, o celular, o RG com aquela foto horrorosa, o elástico de cabelo e o dinheiro – ficam na bolsa de mais outra amiga, aquela que quer levar a câmera fotográfica.
Porta da balada. Fila. Já repararam que se tem fila é porque lá dentro está às moscas? Ninguém cai mais neste esquema, mas mesmo assim eles insistem. Deixa isso pra lá… Mas tudo bem, já que não dá pra entrar ainda, vamos analisar a “safra”. Olha, aquele cara parece ser um “foooofo”. Aquele fortinho deve ter pegada. Aquele de blusa preta deve ser um cafajeste. Aquele ali de aparelho, coitado, sem chance. O gordinho eu conheço, arma VIPs. Olha o de cachinhos, esse tem o nariz lindo! E o olho do moreno então? Nossa! Ihh sabe aquela garota ali de short branco? Não presta, menina! Sabe a de rasteirinha vermelha? Ficou com o fulano. Fura a fila não, colega, tá pensando o que? Olha a saia da loira, que coisa mais “roda bolsa”. Que linda a blusa da menina que acabou de entrar! Opa, porta já.
Segurança com walkie talkie. “Oi Gil. Aham. Não, passa o 756 de novo. Repete. 893? Positivo.” Já reparam que segurança adora falar em código só pra se sentir importante? Deixa isso pra lá… Pista de dança.
Nossa, que vazio. Deus, que idade tem essa pessoa? E aquela então, é menor que eu! Oxe, não tromba meu filho, tem espaço de sobra nessa pista pra você passar. Lugarzinho mais matinê heim… Que música é essa? Não conheço… Dá só uma olhada como a menina dança!!! O outro ali também dança desse jeito. Virou moda isso agora? Cof, cof, cof, tira essa fumaça de cigarro de perto de mim, pelo amor de Deus! Ok, gelo seco na cara também não ajuda. Minha lente embaçou! Minha lente embaçou também! Ixx, esse tá mais bêbado que o ciclano! Nossa, que caloooor que tá aqui dentro!
Quatro da manhã. Porta novamente. Carro. Resultado: nenhum xaveco divertido, nenhuma chegada que valesse a pena, dor insuportável no pé, lente de contato pedindo pra ser retirada, cabelo fedendo a cigarro e duro de suor, vestido com mancha da cerveja que um doido fez o favor de derramar, vinte reais a menos no bolso.
Conclusão número 1: Balada péssima. Estamos velhas pra essa balada. Conclusão número 2: Lembra quando tocou aquele flashback? E quando ela quase caiu? E quando a gente falou mal de todo mundo? Ahhh foi divertido, vai!! Semana que vem a gente sai de novo? Opa, pode contar comigo!
Cubicularis 