Direito de resposta.

Trilha Sonora: One True Thing – Midwest Kings

 

Você vai ao supermercado pra comprar molho de tomate. Tem um monte de marca de molho de tomate, todos feitos com tomate e com gosto de molho de tomate. Mas você vê qual marca é mais conhecida. Olha a data de validade, vê se a lata está bem fechada, se não tem amassado, se não tem ferrugem. Não vai arriscar uma intoxicação alimentar.

 

Você quer ir ao cinema assistir o novo filme do M. Night Shyamalan. Todo cinema que está passando o novo filme do M. Night Shyamalan vende ingressos como todo cinema, tem uma tela como todo cinema, tem cadeiras como todo cinema, vende pipocas como todo cinema e, claro, tem o novo filme do M. Night Shyamalan completo com legendas. Mas você quer procurar os cinemas mais perto de você. Analisa quanto está o ingresso, vê qual tem um horário de sessão melhor, qual ângulo de cadeira você gosta mais, qual não tenta te ensurdecer. Não vai arriscar perder a sessão, ficar desconfortável ou surdo.

 

Você quer comprar um Fusca clássico da cor azul. Todo fusca clássico da cor azul tem cara de fusca clássico da cor azul, equipamento de fusca, porta-malas de fusca. Mas você quer saber se as peças estão em ordem. Olha se não tem risco na lataria, se o motor está bom. Procura ver os documentos do carro, se tem multas pendentes, se não deu problema com os antigos donos. Não vai arriscar ficar com o volante na mão e a carroceria desmontada na rua como num desenho do Pica-Pau.

 

Um amigo meu me pergunta: “Se vocês mulheres falam que todo homem é igual, por que escolhem tanto?”.

 

Pois é.

agosto 5, 2008. Uncategorized. 7 comentários.

Onde o mundo vai parar?

Trilha Sonora: Wouldn’t it be nice? The Beach Boys

 

Se ela não beija mais de um na balada, não volta feliz pra casa – nem que seja o cara que sua amiga está gostando. Ele tem o lema “barango, mas não zero”. Aquela ali perdeu a virgindade pra um cara que conheceu num bar. Outra perdeu no motel, com um desconhecido do chat na internet. Aquele lá leva as meninas pro carro do pai – se estiver sem proteção, tudo bem, continua mesmo assim. Essa já pensou que estava grávida e estava em dúvida entre dois pais, talvez três. Esse já achou que ia ser pai duas vezes. Outra, então, é mãe solteira de um menino de quatro meses e não abre mão de sair sexta, sábado e domingo pra dançar até o chão com o primeiro que oferece uma bebida.

 

O namorado de uma semana daquela ali é o amor eterno da vida dela – assim como foram os cinco últimos do semestre passado. Esse aqui então não gosta da ficante, mas não termina porque acha que logo logo ela vai pra cama com ele. Os dois ali de 19 anos namoram há três meses e vão casar – “Se não der certo, tudo bem, fazer o quê”, dizem com ar de apaixonado. Aquela lá diz com orgulho “solteira sim, sozinha nunca”. Essa outra diz que quer ser freira – mas não hesita em mentir para a mãe que está indo pra igreja enquanto vai dormir com o menino que vigia carros na rua da mesma (“não estou deixando de ir pro caminho da igreja…”).

 

Só eu que me dou o respeito, que penso que o menino tem que ser O cara e não só UM cara? Só eu que acho que coisas como auto-respeito, cavalheirismo e pureza são coisas que não podiam estar entrando em extinção?

 

Eu me valorizo. Eu sonho encontrar um cara que me ame de verdade. Eu quero caminhar de mãos dadas e inventar o futuro. Eu quero esperar o momento certo. Eu pretendo casar com a certeza de que será pra sempre. Eu escolho, eu peso, eu sou tentada, eu analiso, eu recuso, eu sinto. Caretice? Irreal? Ilusão? Papo de encalhada? Cabeça nos anos 40?

 

Ser centrada está fora de moda? Só eu penso que a juventude está perdida?

 

Minha moral vem em primeiro lugar.

 

(Essas histórias não são invenções da minha cabeça. Conheço cada uma dessas pessoas)

agosto 2, 2008. Uncategorized. 1 comentário.