O doce perfume das pequenas coisas.

Trilha Sonora: Cheiro de Saudade – Ney Matogrosso

 

Todo mundo briga comigo porque eu cheiro as coisas. Cheiro o que eu vou comer, beber, as roupas, as folhas, as canetas. 

 

Hum, tudo bem, é um hábito um tanto quanto estranho. Mas faz muito sentido sob alguns aspectos. É que os cheiros trazem lembranças. 

 

Cheiro de chocolate, por exemplo, me lembra a fábrica da Nestlé que tinha aqui perto de casa quando eu era criança. Cheiro de canela me lembra Campos do Jordão e aquele chocolate quente… não o cremoso, o outro, que vem mesmo com um pauzinho de canela mergulhado.

 

Trident Menta me traz boas lembranças. O de Melancia, nem tanto. Morango me lembra o shopping de Taubaté e aquele quiosque de frutas com chocolate. Café me lembra as aulas da Cásper. E como. Panetone me faz pensar em uma noite estrelada – não me perguntem porque – e vinagre é horrível. Mas me lembra o hall do meu andar aqui no prédio.

 

Pipoca lembra cinema, sempre³. Mas tem aquele cheiro específico e inconfundível de pipoca com manteiga do Cinemark. Perfume de frutas cítricas me lembra meu relógio roxo, mas perfume doce lembra a blusa cinza de gola alta. Lasanha lembra domingo, Mc Donald’s lembra segunda, feijoada lembra quarta.

 

E por aí vai. Cada cheiro tem o seu sabor, a sua cor, a sua memória. E são todos únicos!

abril 30, 2008. Uncategorized. 2 comentários.

Culto ao Frio

Trilha Sonora: So Cold – Breaking Benjamin

Minha mãe disse que quando eu nasci, fazia um frio tão gelado que muita gente veio me visitar usando sobretudos e luvas.Talvez isso explique o motivo de eu gostar tanto do frio, de sentir vontade de usar cachecol, casacão e bota de cano alto todos os dias do ano. Mas ainda nos dias de hoje, em que a gente vive no verão e somente nele, as pessoas me olham como se eu fosse maluca por amar o frio.

Não tem coisa melhor do que acordar em meio à uma pilha de cobertores, num mundo todo quentinho e perceber que lá fora está um frio de bater os lábios. Tudo bem, eu confesso que eu não deixaria minha cama com tanta boa vontade assim. Mas eu já não saio bem dela mesmo, então não faz muita diferença. Aí você esquenta seu pãozinho com manteiga, toma seu chocolate quente e se veste. Mesmo se você for mais apegada ao calor, eu peço um minuto de atenção. É impressionante como as pessoas se tornam mais elegantes no frio. Ficam mais chiques, com um ar mais bonito. Reparem, reparem…

Imaginem a mesma situação no calor. Você acorda toda melequenta e já cansada na sua cama, muito provavelmente sem fome. Come alguma coisa, só pra mãe não implicar dizendo que você não alimenta bem, e pega a primeira roupa que vê no armário. E pensar que você ainda tem que enfrentar um dia inteirinho de trabalho/estudo… Caramba, que desânimo.

Aí você passeia no shopping. Quanta coisa bonita nas lojas. Saião com bota alta, tudo o que eu sempre quis usar. Casacos com preguinha, todos lindos. Nossa, como as vitrines são mais interessantes na coleção outono-inverno. É outra coisa. Que tal parar pra comer alguma coisa? Hum… Um foundue, espetinho de chocolate com morango, strogonoff no pão. Quanta coisa boa que existe no frio!!

A primeira coisa que eu penso quando chega o verão é: “Meu Deus, biquini! Mas eu dei uma engordada, vou ter que voltar pra academia senão vou morrer de vergonha!”. Shortinho? É, legal… Mas as minhas pernas, sei lá, elas são tão…Desproporcionais, como disse uma amiga minha. Sandalinha rasteira? Legal também. Mas não como as botas de cano alto. Elas dão poder, dão algo a mais para nós, mulheres. E para cuidar do estômago, o que temos? Sorvete (que em excesso vai provocar terríveis dores de garganta) e s-a-l-a-d-a. Blergh! Não tem nada de mais sustância do que salada? Não!

Campos do Jordão, aquela fumacinha saindo da boca. Aquele friozinho gostoso que melhora ainda mais com a lareira acesa.

Praia, aquele cheiro de protetor solar misturado com o de cloro da piscina. Aquele calor nojento que piora ainda mais com o mosquito da dengue.

Não tem pra ninguém, o frio é campeão! Pena que eu quase não o sinto, porque o Brasil não gosta muito dele…Mas vai, gente, o frio é beeeem melhor que o calor. Podem apostar que sim!!

abril 26, 2008. Uncategorized. Deixe um comentário.

Mais uma by “Termos de Busca”

Trilha Sonora: Glitter – Ayumi Hamasaki

Mais uma vez eu estava olhando os Termos de Busca do nosso querido Cubicularis. Até aí, nada surpreendente: banheiro, banheiro, banheiro…mas então algo salta aos olhos:

Pára tudo! GLITTERS FILOSÓFICOS??

Eles existem? Como eles seriam?? Ahh eu quero!!

Meus trabalhos do primário ficariam muito mais legais!! Já pensou uma montagem de arco-íris que recita Marx ou Platão?? Ou uma bola de natal que diz que o homem é o lobo do homem?

Se bem que eu não ia querer um porta jóias que me falasse que o tudo é nada e que não existimos. Ou uma máscara de carnaval que me citasse Tennyson: “não existe alegria, apenas calma”.

Glitters filosóficos… cada uma que o povo inventa. Tudo o que sei é que…bom, nada sei.

abril 11, 2008. Uncategorized. 2 comentários.

Minha Versão é Gay

Trilha Sonora: She’s Madonna – Robbie Williams

 

A Balada não estava boa, apesar de todos os planos que a gente fez. A música também não fez melhorar os ânimos. Na nossa mesa, foi difícil encontrar alguém que se destacasse. Esse tem cara de criança, aquele tá bêbado, o outro é feio demais, esse aqui não…OPA! Volta, volta. Até que enfim uma pessoa decente naquele lugar.
Ele preenchia todos os padrões do “Homem Ideal”. Mas quem era aquele que eu nunca tinha visto antes? Amigo da amiga do melhor amigo da prima de uma amiga nossa em comum. Hum… Mas como que eu vou falar com ele se nem conhecido ele é?

Quatro horas da manhã. Tava tão ruim que eu já morria de sono. E ele continuava fora de alcance. De repente ele levanta, troca de lugar com o amigo e senta do meu lado. Na hora, eu agradeci muito esse amigo, porque havia um interesse não correspondido para com a minha pessoa. Isso, ainda bem que ele teve a brilhante idéia de sair.

Eu sorri. E devo ter ficado roxa porque naturalmente a vergonha tomou conta de mim. Tá, mas e agora? O que eu falo? Nem precisei pensar muito. Um segundo depois e a gente já tava conversando sobre tudo. Desde faculdade até tortinha do Mcdonalds. E era impressionante, ele era a minha versão.

“Eu odeio cigarro e gente bêbada” – Eu também!!
“Eu acredito em horóscopo” – Eu também. Acredito muito.
“Odeio casais felizes quando eu tô sozinho” – Eu também. Meu Deus!! Meu Deeeeeus!!

Onde é que ele tava escondido que até agora eu não tinha achado? Ele era totalmente eu. Total mesmo. Impossível acreditar, mas era verdade.

Mas, como Murphy me ama, tudo que é bom dura pouco. No meu caso é pouco de verdade. Eu acordei logo depois pra realidade porque afinal de contas ele é gay. Ele continua sendo a minha versão, mas ele é gay. Não vai rolar.

E olha, nada contra os gays. Mas, poxa, ele é a minha versão!!

 

abril 10, 2008. Uncategorized. Deixe um comentário.

Mais uma viagem mental.

Trilha Sonora – Eleanor Rigby – The Beatles

 

Estava andando na rua a caminho de casa ontem quando aconteceu. Uma folha amarela que estava em cima do muro do estacionamento se jogou na minha frente. Pobre coitada. Que angústias e problemas a levaram a tentar suicídio??

 

Talvez suas companheiras folhas estavam deixando ela se sentir mal. Afinal, não era verde, grande e viçosa como as outras. Podiam dizer até que ela destoava muito do lugar onde estava. Talvez foi o contrário. Quem sabe ela cansou de ser igual às outras folhas, a pressão de ser como todo mundo era grande. Mas mudar o visual exterior não espantou seus problemas.

 

Ou então, teoria mais interessante, ela cansou de ficar olhando para o céu imaginando possibilidades e fantasias e resolveu ser mais “pé no chão”, conhecer de perto a terra que ajudou a criar a sua vida. Imagino também se ela percebeu que sua vida estava tão parada que tentou praticar um bungee jump para animar as coisas. E se ela na verdade estava à espera de um vento que batesse forte para levá-la para longe daquele lugar, pra conhecer folhas diferentes? A queda teria sido um infeliz acidente, uma fatalidade!

 

Fiquei pensando nas minhas teorias sobre o incidente com a folha. Todos os caminhos indicavam para uma folha que pelo visto não tinha se encontrado ainda. Adotei a folha, hoje ela mora no meu caderno de telefones. Lá ela pode ser amarela à vontade. Não sei se era essa a mudança que ela queria, mas pelo menos ela mudou de ares. Se no fim ela também achar que não é pra isso que ela serve e se jogar do meu caderninho, tudo bem. Aí a gente procura outro caminho pra ela seguir, nunca é tarde pra mudanças.

 

 

E então nesse momento eu penso: Oi, eu estou analisando a vida de uma folha. De uma folha!!! Acho que quem precisa “mudar de ares” sou eu…

abril 8, 2008. Uncategorized. Deixe um comentário.

Ser criança é bom!

Trilha Sonora: Balão Mágico – Superfantástico

 

Acho que a gente cresce rápido demais.

 

Outro dia eu achei um texto que eu escrevi quando eu tinha 6 anos. O negócio chamava “A banana”, e contava a história de uma banana que queria voar. E era tão atual que parecia uma coisa que eu pensaria hoje em dia. Tudo bem, isso talvez seja porque fui eu que não cresci… E crescer pra quê?

 

Pensa só: você lá, na sua vidinha feliz, pacata, brincando com seus amiguinhos, passando um tempão sem fazer nada a tarde toda depois do colégio, gastando dez minutos pra lição de casa. A cada dia mais eu me convenço de que seria melhor continuar lá. No tempo sem cobranças, sem pressão pra estudar, trabalhar, resolver se a gente queria ser jornalista, escritora, cineasta ou levantadora de garfo.

 

E aí, de repente, a gente ouve uma batida na porta que manda a gente crescer, levantar, ir pra faculdade, escolher uma coisa pra fazer a vida inteira, escolher uma pessoa com quem ficar a vida inteira, escolher uma vida pra ser nossa. E estava tudo tão³ melhor antes! E a gente luta contra isso porque não quer ir além. A gente fala de assuntos sérios e tem que saber o que acontece no mundo (não necessariamente sabe, mas TEM que saber), quando tudo que queremos é sentar no nosso cantinho de todo dia, falar mal das roupas dos outros, fazer brincadeiras bestas escrevendo nomes em papeizinhos, comer besteiras, inventar histórias malucas e apelidinhos engraçados para as pessoas.

 

E que graça teriam as nossas vidas se fôssemos meninas sérias, com vida de mulher, rosto de mulher, jeito de mulher e compromissos de mulher? Defendemos a graça do jeito de menina, os pensamentos de menina, as brincadeiras bobas de menina, os sonhos de menina, as histórias fantásticas que vão de bananas que voam a super-heróis que salvam mocinhas amarradas em antenas por aí.

 

E é muito bem-vindo quem quiser viajar no nosso balão! 😉

abril 6, 2008. Tags: . Uncategorized. 1 comentário.

Mais uma das mulheres…

Trilha Sonora: Marcha Nupcial

 

Mais uma vez, eu estava na internet, fuçando sites com muito conteúdo e conversando com uma amiga. Decidimos olhar vestidos de noivas. Olhamos as cores, os tecidos, escolhemos modelos, mas não, nós não vamos casar tão cedo. Ela, pelo menos, tem namorado. Eu, nem isso! E aí eu pergunto: de onde vem essa nossa obsessão por casamentos?

 

Tá… eu sei que desde crianças nós somos criadas para nos tornarmos esposas e mães. Enquanto os meninos viviam emocionantes corridas e brigas imaginárias, nós cozinhávamos, trocávamos fraudas e alimentávamos crianças de borracha. Até brincando de Barbie (a boneca mais fútil de todos os tempos) nós tentávamos formar uma família com o Ken, sonhávamos em morar naquela casa linda, e ter aquele carro conversível rosa, por que não? Sem contar a tristeza que passamos ao saber que ela tinha se divorciado. Mas enfim…

 

Posso dizer com segurança que essas brincadeiras não foram decisivas na minha educação. Por muitas vezes eu preferi brincar de polícia e ladrão com os meninos na rua a ficar em casa tomando chá das cinco com as meninas. Resultado: não aprendi a lavar e passar roupa, só sei cozinhar o essencial e tenho que ler os rótulos dos produtos de limpeza para conseguir limpar a casa, mas não sou nem um pouco menos ridícula e sonhadora que as outras mulheres.

 

A certeza de que eu vou me casar um dia é tanta que chega a ser patética. Eu até sei quem vai ser o noivo e calma, ele também sabe que um dia ele se casará comigo. (Pausa para recado: não adianta tentar fugir. Prometeu, tá prometido! Me aguarde!) Mas saber quais músicas vão tocar durante a cerimônia, quais flores vão decorar a festa, quem serão os padrinhos e qual será o vestido já é demais. Conheço mulheres que sabem até o que vão servir aos convidados durante a festa. Eu realmente não entendo o motivo de nós sonharmos tanto com o dia em que perderemos a liberdade.

 

Mas formulei uma teoria. Os homens fogem tanto e inventam tantos motivos para adiar a tão esperada data, que as mulheres têm que ter tudo pré-decidido na cabeça, para que no momento em que o homem disser: “tá, tudo bem… vamos casar”, o circo já seja armado rapidamente e ele não tenha mais como fugir. Esse é o único meio de preservar a nossa espécie.

 

Portanto, meninas, se precisarem de ajuda nos preparativos, contem comigo! E meninos… vocês podem fugir, mas não podem se esconder. Um dia, vocês vão acabar no altar, com o sapato apertando os pés e vestindo a roupa que a mulher quiser, falando um “sim” cheio de emoção. E pior, muitas fotos e filmagens registrarão o momento! Até lá!

abril 6, 2008. Tags: . Uncategorized. Deixe um comentário.

A arte (?)de se desligar

menina.jpgTrilha Sonora: Epitáfio – Titãs

Hoje eu me desliguei. Não porque eu quis, apenas chutei o estabilizador do meu cérebro sem querer e pronto. Desliguei e desliguei bonito. Enquanto o professor falava sobre…sobre….é, realmente, se eu soubesse eu não estaria em off, bem observado. O engraçado é que ao mesmo tempo em que eu estava sem pensar em nada eu tinha consciência de que estava em stand by. Paradoxal, eu diria.  

Eu podia ter lido algum texto que eu preciso ler. Podia ter desenhado estrelinhas no meu caderno. Podia ter arrumado a minha bolsa que está um caos. Podia ter colocado as novidades em dia, porque tenho mesmo. Podia ter saído da sala. 

Ahh sair da sala! Um mundo de possibilidades podia ter sido aberto diante dos meus olhos! Podia ter ido comer alguma coisa, contrabandeando do restaurante que sofre boicote. Podia ter ido verificar meus e-mails que nunca falam sobre nada interessante. Podia ter entrado no MSN clandestinamente pra jogar conversa fora. Podia ter ido alugar um DVD pra ver mais tarde. Podia ter dado uma volta na Paulista à procura de bizarrices e novidades.  

Ou ao menos podia ter filosofado sobre o meu futuro indeciso. Podia ter planejado meu fim de semana. Podia ter pensado nos trabalhos que preciso começar a fazer. Podia ter brincado com a minha imaginação pensando em cenas que podiam acontecer comigo. Podia pensar em coisas que poderia fazer se eu não tivesse essa personalidade. Podia ter pensado num post interessante pra colocar aqui no Cubicularis. 

Podia ter mandado flores pro delegado. Podia ter batido na porta do vizinho pra desejar bom dia. Podia ter beijado o português da padaria. 

Mas não. Desliguei. O que não é engraçado, por outro lado, é que eu acabei me dando conta de que certamente haviam se passado 100 minutos da minha vida que nunca iriam ser recuperados, perdi a chance de fazer coisas incríveis ou meras viagens mentais inúteis. 

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Hum? Oi, desculpa, é que agora perdi mais 20 minutos escrevendo esse post desinteressante e desliguei. Deus, preciso começar a controlar isso, tá virando um problema…!

abril 3, 2008. Uncategorized. 2 comentários.